domingo, 13 de novembro de 2011

Efervescência de Sonrisal

Eu me lembro de quando vi a efervescência do Sonrisal pela primeira vez. Foi em cima da mesa de passar roupas da casa da minha vó. Possivelmente eu estava perto de meu pai, que sempre curtiu um Sonrisal, ou de minha tia Nilsinha: não me lembro, porque com certeza eu estava tão cercado de alegria e amor de família que isso passou despercebido. Naquele dia possivelmente meu veio científico ficou aflorado (o que era, afinal, a efervescência?), culminando na minha formação científica. E além disso, naquele dia, naqueles dias, eu era feliz.
Era feliz sem saber, sabe? Felicidade de quem está acidentalmente no quarto de passar roupas, onde também se guardam medicamentos, e vê a incrível dissolução dos carbonatos e dos ácidos em água, a magia de alguém fazer algo incompreendido por mim. A efervescência era o caminho para o meu mundo, em sentido científico, e no sentido que também quero relatar neste texto - vamos a ele!
Eu me entendi, finalmente. E se não o tiver feito, pelo menos senti o que é procurar se entender. Eu sou uma pessoa efervescente, apesar de nunca ter ido a um baile de Carnaval, a uma micareta ou ainda ter tomado Sonrisal e afins pouquíssimas vezes. Eu preciso da efervescência do mundo, do movimento, das relações. Eu não gosto das manhãs - elas são pouco efervescentes. Arrisco a sair cantarolando e vivendo de manhã, com a beleza do Sol que chega, mas é tudo falho. Sou da tarde, da noite e da madrugada, e só! Sou do mundo que vibra, não do mundo que organiza. Sou organizado por acidente, apesar de organizar materialmente quando na verdade pensava em organizar apenas a mente. Mas, nessa minha descoberta em mim, eu vejo que não posso ter a mente organizada - minha mente é também uma efervescência e como tal, é vibrante, movimentada, e chega a arriscar um barulhinho característico.
O barulhinho característico de minha mente é o do tic-tac, do assovio de um passarinho, de uma queda d'água baixinha, de um suspiro de mãe, de um coaxar de sapo - só sei que não é silêncio! O que eu gosto mesmo, de verdade, é do movimento da mente, da inspiração, da rede, da surpresa. Passa-me tudo o que é linear, o que é prontamente pensado, prontamente agido, prontamente julgado.
Eu sou muito mais do que isso que tento parecer ser, porque o que tento parecer ser (o que querem que eu pareça) é algo pelo qual já passei/não gostei e que não tem me feito bem. Termino este texto com a a confiança de que sou feliz assim, esse é meu jeito de ser feliz, efervescente. E não qualquer outro.

Um comentário:

  1. Meu amigo, e o melhor de tudo: Vc é humano! Como tal, vc pode ser organizado e não. Depende do momento, depende do humor. Vc é e pode não ser! O que faz de vc uma pessoa singular, mas ainda compreensível! Uma companhia fabulosa. Crescimento para quem convive com vc! =)
    De tudo, fiquei imaginando que sua mente é bem regular, não no sentido morno da palavra, mas sim que é regida de forma orquestral por uma interessante cognição!

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Polin Maia