domingo, 13 de maio de 2012

Uma pequena passagem de um casinho ocorrido no lotação

Sábado a noite, voltando para casa, sozinho. Sentei ao lado de uma moça no lotação, em silêncio. Com fones de ouvindo e Queen eu faria uma viagenzinha sem graça, no meu mundinho, como muitos fazemos. Incrível como estamos sempre todos calados, preferindo prestar atenção na música de sempre ou no barulho chato do ônibus... Mas disso eu falo em outra hora!
Num momento percebi que o rapaz que estava sentado imediatamente atrás da moça começou a mexer nos cabelos dela, ato que ela desaprovou se inclinando para a frente e também trazendo seus cabelos para o peito. Tirei os fones para tentar entender a situação. Ainda estavam em silêncio. Mais uma vez aquilo se repetiu e ela demonstrou desagradar. Foi então que eu virei para trás, sem saber quem eram aquelas duas pessoas:
_ Ô Cara, respeite a menina!
Foi tão impulsivo e no mesmo impulso ela respondeu:
_ Ah não, ele é meu namorado.
Minha expressão deve ter sido engraçadíssima para quem assitiu àquilo, saltaria do ônibus naquela hora se estivéssemos parados num ponto. Mas não estávamos, escondi-me recolocando os fones e aumentando o volume de "I want to break free".
Mas ao mesmo tempo fiz uma breve reflexão, retirei (acho que nunca usei essa palavra com esse sentido - tirar de novo) os fones e soltei:
_ Mas me desculpem, jamais imaginaria que seriam namorados. É que você ( a moça) demostrou que fora incômoda a ação dele. Já vi caras petulantes incomodando meninas e julguei que era o caso.
Eles não rsponderam nada. Só um risinho dela. Então fui claro:

_ Sábado a noite, vocês namorando. Como assim que cada um senta em um banco no ônibus. Tratem já de se acertarem. Desculpem pela intromissão, mas vocês merece ser felizes.
Não sei se isso consertou alguma coisa. A menina falou que não tinha problema e o cara continuava com a cara de bobo de um homem que tenta agradar a mulher com quem acabou de ter uma discussão, mexendo nos seus cabelos.
Recoloquei os fones e segui viagem, não dei meu lugar ao cara e a menina não se prontificou a transferir para o lado dele, na dupla de poltronas imediatamente atrás. Mas fiz isso para tentar ser imparcial na decisão dos dois de se reconciliarem. Alguns instantes depois ela começou a se mexer, até que tomou coragem, me pediu licença e saltou para trás. Dei uma de desinteressado, ainda estava meio envergonhado. E pensei que não cabia a minha presença na história dos dois. Aquilo ali era deles. Coloquei "Love of my life" no último volume, só pra mim. Pensei em amores, segui até em casa, sem olhar pra trás.
E torci pra que ficassem bem, aproveitassem seu namoro. Estarão juntinhos agora? Quem sabe? Quem são eles?
São Paulo e a poesia de seu dias, obrigado por todas as experiências fantásticas que estais me proporcionando.

Bom domingo,

Polin Maia

Bem-me-quer, mal-me-quer

Florzinhas estavam à beira do caminho, na estrada da casa da minha Vó São. Era uma tardinha, eu saí andando pela estrada para pensar um pouco na vida, e a beleza dessas florzinhas, do bem-me-quer, mal-me-quer feito com elas, me despertou o que agora reproduzo / compartilho.
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Bem-me-quer, mal-me-quer
Mal-me-quer, bem-me-quer
Catei uma florzinha à beira da estrada
Lembrei da coisa que as meninas faziam
Do bem-me-quer, mal-me-quer.

E fazendo com uma florzinha, mais duas ou três
Sempre caía no  mal-me-quer.

Fui contar e descobri
Que todas as florzinhas tinham número par de petalazinhas
E bastou que eu dissesse o mal-me-quer antes do bem-me-quer
Para que ao final sempre caísse no bem-me-quer. 
Pode você ir na beira da estrada da casa de minha vó e conferir!

E mais que isso, entendi que não é a florzinha que me diz se bem-me-quer ou mal-me-quer
É só eu escolher com qual querer eu vou começar a contar.
E assim, sou eu quem define se bem-me-quer ou mal-me-quer.

E alguns dirão que isso deixa tudo menos simbólico e gracejante. Não conte a nenhuma menininha sonhadora, ainda que você a seja, que descobriu isso. Deixe-a seduzir pelo bem-me-quer, mal-me-quer. Ah, vai que a florzinha dela também não siga o padrão das minhas!

Agora peço somente que deixe minha menina bem-me-querer.
 
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Grande abraço, 

Polin Maia