domingo, 30 de setembro de 2012

Ninguém = Ninguém

(Engenheiros do Hawaii)
[...]
Há tantos quadros na parede
Há tantas formas de se ver o mesmo quadro
Há palavras que nunca são ditas
Há muitas vozes repetindo a mesma frase:
Ninguém é igual ninguém
Me espanta que tanta gente minta
(descaradamente) a mesma mentira
[...]

Há uma verdade proclamada aos muitos cantos do mundo que eu cada vez mais teimo em não aceitar: cada um é único e não se compara gentes. Nascemos num único dia que é nosso, que a cada ano faz as pessoas se lembrarem quase sempre com carinho da gente. Vivemos cada dia da nossa forma, do modo como aprendemos a ser. Damos viva à individualidade quando realizamos aquelas ações que apenas a gente planejou, sonhou e conquistou. Cada coisa construída em conjunto tem influência de algo que está muito internamente na mente de um ou outro. O mundo existe graças às atividades conjuntas das pessoas, porém, mais do que tudo, existe graças às particularidades de cada um, aos seus modos únicos de trabalhar nesse curto espaço de tempo que é a vida da gente.

Há uma segunda verdade. A de que as pessoas me influenciam de um modo muito drástico, para o bem e para o mal. Revisando toda a minha vida, destacaria duas mulheres que formaram, junto a mim (porque eu espero ter um papel atuante na construção do que sou), aquilo que de mais evidente e verdadeiro eu tenho. Uma delas é a minha mãe e a outra é minha melhor amiga de todos os tempos, a menina de nome composto que mudou um adolescente sem rumo em alguém meio decente. Infelizmente essas duas mulheres ficaram em meu antigo estado, amo-as descontroladamente, apesar de em alguns momentos elas não acreditarem. As duas foram destaque em vários momentos e períodos mais felizes e mais tristes de minha vida, ainda que não saibam bem disso. Felizmente, mesmo as amando, a distância é importante para me fazer ver que há uma necessidade imensa de eu ser o ator principal da minha história.

Entre essas duas verdades, estou eu aqui hoje tentando encontrar o que sou, tentando perceber o que posso aproveitar nas pessoas e o que devo valorizar em mim. Tentando me agarrar a alguma verdade que seja unicamente minha, tentando começar a traçar um caminho que seja mais fiel ao que eu penso e ao que eu sinto.

Eu estou numa busca ferrenha por minha identidade, e nisso tudo posso magoar uns e outros que eu também amo. Continuo não querendo perder pessoas. Continuo achando as pessoas a coisa mais bonita da vida, continuo achando o máximo gostar de gentes.

Boa Semana!

Polin

domingo, 23 de setembro de 2012

(sem assunto)

Hoje é domingo. Como sempre, já não é mais meio-dia e aquela minha promessa de "escrever e publicar todo domingo ao meio-dia" já foi pro saco há muito. Mas não tem problema, talvez o meu domingo ao meio-dia sempre seja domingo à tarde, e eu não tenho nenhum fã louco esperando pontual e ansiosamente por minhas postagens.

Desde que acordei, me vi pensando em um tema para publicar hoje e decidi por isso: sem assunto!

Sabe quando você recebe um e-mail "sem assunto" e reflete sobre a preguiça do seu remetente em colocar o assunto ou pensa que o conteúdo do e-mail não presta? E quando você se esquece de colocar o assunto no seu e-mail e queria muito cancelá-lo e mandar outro com o assunto, desolado? Entende estas situações? E tem aquelas raras vezes em que você sente que é mesmo muito pouco importante colocar o assunto, porque talvez a pessoa apenas pediu que você enviasse um anexo para ela! Mas eu acho o assunto algo essencial.

Mas hoje estou sem assunto. Sem um assunto agradável, sem um assunto audível, legível (e algumas vezes esse adjetivo tem este significado!), interessante, prazeroso, informativo, questionador, poético, humanístico, político ou decente.

Tenho apenas dor de dente. Mais dor nas costas. Tenho um final de semana diferente. Tenho um aperto semanal acumulado no peito. Tenho o frio e o calor oscilantes que tiveram São Paulo nessa última semana. Tenho as palavras que falei, os discursos que fiz e os abraços que dei. Tenho o álcool que eu quis que me fizesse esquecer. Tenho o esquecimento como alternativa pouco atingível. Tenho um passado que relembrei, um futuro que sonhei, um presente com o qual não me alegrei. Tenho pessoas que relembrei, pessoas com as quais sonhei, pessoas com as quais não me alegrei. Tenho atos políticos, atos festivos, atos acadêmicos, mas nada é muito completo e completa um assunto.

Enfim, ao escrever, estou tendo a sensação de que ando tendo muita coisa quando na verdade as minhas necessidades são bem menores. Acabo querendo muito e me sentindo vazio sempre. Acabo invejando e sofrendo. Acabo usando o gerúndio rotineiramente, o que dá a ideia de que as coisas estão indo, de que tudo está caminhando... mas estou eu no particípio, empacado.

Não sei se escolher esse assunto (sem assunto) foi uma boa ideia. Talvez um dia em que eu estiver com mais assunto, eu consiga falar melhor sobre ele. 

Estou animado devido ao caráter paradoxal do que acabei de escrever. Começo a pensar que é digno de publicação, talvez apenas por essa característica.

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Essa semana relembrei de uma frase que eu criei pra mim: "Sou um pequeno poeta palhaço, precisando de mais tempo e menos espaço". Acho ela boa para uma camiseta! Farei-a logo.

Abraços. Uma boa semana!

Polin Maia

domingo, 16 de setembro de 2012

Pêndulo

Tenho me visto como um pêndulo, como alguém que ao mesmo tempo busca novos ares, quer ir ao limite e como alguém que incansavelmente deseja um equilíbrio na vida. Alguém que passa muito sorrateiramente por posições de equilíbrio, mas que só é reconhecido pelo que é devido à capacidade de oscilar.

Oscilo muito, de forma exagerada, de forma que eu me pergunto várias vezes o que fiz para ser assim, o que fizeram para eu ser assim, o que fazer para não ser assim?! Não sei administar doses homeopáticas de sensações e sentimentos (lembrando H. Gessinger), tudo é levado em minha mente ao extremo, ao complexo, ao mais aturdido significado. Fico pensando se se trata de um processo natural da vida e se é progressivo, constante ou qualquer dia irá declinar. Penso também se há muitos outros iguais a mim. Penso muito em quem não é ou parece ser igual a mim, e os admiro incontrolavelmente.

Meu histórico de admirações por algumas pessoas tem feito uma grande bagunça na minha cabeça. Não posso admirar que a oscilação logo toma conta da admiração, e, pobre de quem convive comigo, sofre os efeitos desta minha característica tão intrínseca. Acho que já perdi amigos e fiz outros devido a tudo isso, e sei que perder amizades é para mim um dos golpes mais cruéis. Não suporto, simplesmente. Tenho aversão àquelas pessoas que dizem "sou mais eu"! Não sou nada disso, "sou os outros", sou eternamente dependente do próximo.

Chego a pensar várias vezes que minha vida anda um lixo, remendada, cheia de trincas, tristes cacos. Outras vezes ela é a melhor vida que eu poderia ter, as melhores sensações que eu poderia experimentar. Quem está pensando que eu parafraseio aquela máxima de que na vida ocorrem episódios alternados de alegria e de tristeza, digo que é mais profundo que isso. A questão não são os episódios, é o meu próprio ser. O meu próprio ser que na alegria não é capaz de vivê-la por inteiro, idem na tristeza. Como exemplo, na tristeza, escrevo da forma como mais gosto e isso me traz alguma alegria. O episódio de escrever não é alegre ou triste, tudo é mais subjetivo, tudo é inclusive difícil de ser explicado, tudo é muito eu e meu.

Daquelas pessoas aparentemente não-oscilantes, eu guardo um sentimento extrememente agradável. Elas me ensinam muito, elas são meu "peso" que quer me fixar à posição de equilíbrio, elas estão aí pra ser a minha "resistência do ar". Elas estão aí pra eu desenvolver sentimentos e admirações bagunçadas, mas que no fundo me fazem acreditar na opção de que a oscilação é passageira e está em declínio. Elas estão aí, ainda, pra me empurrar novamente se ficar provado que eu não nasci mesmo para estar em equilíbrio.

Acho que eu sou oscilante assim porque foi a forma que encontrei de encontrar muita gente. Porque eu gosto muito de gente. Porque eu acho o máximo gostar de alguéns.

Boa tarde,

Polin.