Eu
viajava de Conselheiro Lafaiete (MG) para São Paulo em um ônibus bastante
moderno, no fim das últimas férias escolares. 10 horas de viagem. Um pequeno
painel à frente das poltronas indicava alternadamente o horário, com imprecisão
de uns 5 minutos; a temperatura externa, informação com pouca utilidade prática,
já que não havia janelas e todos estávamos numa temperatura interna e a situação de ocupação daquele
ridículo banheiro dos ônibus. Penso que a despeito de tudo isso, alguns
prefeririam ser avisados sobre o que rolava na novela das oito/nove naquela
noite de segunda-feira em que nos encontrávamos dentro do busão ou até mesmo o
valor do real frente ao dólar, o quadro de medalhas dos jogos olímpicos de
Londres etc. Mas preferiam que visualizássemos como a hora demora a passar para
quem não dorme em viagem e a temperatura atmosférica à qual não estávamos
submetidos graças aos modernos aparelhos de ar condicionado, sem falar em...
Quando
ninguém ocupava o tal banheiro (WC) apenas a hora meio incerta e a temperatura
a que se sujeitava a parte externa do transporte eram indicadas no painelzinho,
mas quando um cidadão resolvia entrar no cubículo para fazer suas necessidades,
todos os passageiros acordados eram informados disso, com a expressiva mensagem
WC OCUPADO surgindo assim que o cidadão, no livre exercício de suas funções
fisiológicas, fechava, pouco habilmente, a porta. Era de assustar, a mensagem
vinha instantaneamente, atropelava a hora e a temperatura e aparecia com toda a
força, querendo dizer TEM ALGUÉM MIJANDO ALI ATRÁS. Nunca gostei de ir nesse
tipo de toillete, mas quando é muito
necessário ir até lá, tento não revelar a todos que estou indo mijar de forma
tão cambaleante e com tanto risco de me molhar não necessariamente com água, deixando
para ir num momento em que todos estão de olhos fechados e ausentes de suas
percepções. Mas com o WC OCUPADO todos sabem que tem alguém no cubículo,
inclusive sabem há quanto tempo esta pessoa está lá – que situação mais
estranha!
Infelizmente não sei discorrer mais sobre o porquê de não ter gostado daquele painel, mas toda essa observação foi altamente pessoal e o incômodo também foi pessoal. Mas é por aí mesmo, fiz a viagem solitariamente, sem ninguém disponível pra puxar papo, corroborar ou discordar. Preciso confessar que descobri que uma pessoa permanceu por uns oito minutos no cubículo, mas não sei a que corpo essa alma cagante, simbolizada virtualmente pelo WC OCUPADO, pertence, pois estive sentado numa das primeiras poltronas.
Infelizmente não sei discorrer mais sobre o porquê de não ter gostado daquele painel, mas toda essa observação foi altamente pessoal e o incômodo também foi pessoal. Mas é por aí mesmo, fiz a viagem solitariamente, sem ninguém disponível pra puxar papo, corroborar ou discordar. Preciso confessar que descobri que uma pessoa permanceu por uns oito minutos no cubículo, mas não sei a que corpo essa alma cagante, simbolizada virtualmente pelo WC OCUPADO, pertence, pois estive sentado numa das primeiras poltronas.
Na
chegada, alguém perdeu um papelzinho que credencia você a retirar sua bagagem
com o encarregado de pegar as bagagens no assoalho do ônibus. O encarregado, na
tentativa de entregar de forma correta a bagagem do senhor que havia perdido o
papelzinho, pediu para que fosse descrito o conteúdo da mala, a fim de que
depois ele a abrisse e conferisse e fizesse direito o seu trabalho, entregando
a César o que é de César... Encabulado, o senhor disse que tinha um pacote de
roupa íntima “de muié” em sua mala, que sua dona e ele revendiam quando algum
dos dois viajava pro interior. E só revendiam! Que ficasse bem claro!
Polin Maia
Paulo, o mundo tem que ler seus textos!
ResponderExcluirRi tanto com esse! Muito bom!
Valeu Ronni. Que nessa sua viagem conheçamos um a realidade do outro por meio dos blogs. Abraço
ResponderExcluirRi muito!!
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