quarta-feira, 1 de agosto de 2012

WC Ocupado

Eu viajava de Conselheiro Lafaiete (MG) para São Paulo em um ônibus bastante moderno, no fim das últimas férias escolares. 10 horas de viagem. Um pequeno painel à frente das poltronas indicava alternadamente o horário, com imprecisão de uns 5 minutos; a temperatura externa, informação com pouca utilidade prática, já que não havia janelas e todos estávamos numa temperatura interna e a situação de ocupação daquele ridículo banheiro dos ônibus. Penso que a despeito de tudo isso, alguns prefeririam ser avisados sobre o que rolava na novela das oito/nove naquela noite de segunda-feira em que nos encontrávamos dentro do busão ou até mesmo o valor do real frente ao dólar, o quadro de medalhas dos jogos olímpicos de Londres etc. Mas preferiam que visualizássemos como a hora demora a passar para quem não dorme em viagem e a temperatura atmosférica à qual não estávamos submetidos graças aos modernos aparelhos de ar condicionado, sem falar em...

Quando ninguém ocupava o tal banheiro (WC) apenas a hora meio incerta e a temperatura a que se sujeitava a parte externa do transporte eram indicadas no painelzinho, mas quando um cidadão resolvia entrar no cubículo para fazer suas necessidades, todos os passageiros acordados eram informados disso, com a expressiva mensagem WC OCUPADO surgindo assim que o cidadão, no livre exercício de suas funções fisiológicas, fechava, pouco habilmente, a porta. Era de assustar, a mensagem vinha instantaneamente, atropelava a hora e a temperatura e aparecia com toda a força, querendo dizer TEM ALGUÉM MIJANDO ALI ATRÁS. Nunca gostei de ir nesse tipo de toillete, mas quando é muito necessário ir até lá, tento não revelar a todos que estou indo mijar de forma tão cambaleante e com tanto risco de me molhar não necessariamente com água, deixando para ir num momento em que todos estão de olhos fechados e ausentes de suas percepções. Mas com o WC OCUPADO todos sabem que tem alguém no cubículo, inclusive sabem há quanto tempo esta pessoa está lá – que situação mais estranha!
  
Infelizmente não sei discorrer mais sobre o porquê de não ter gostado daquele painel, mas toda essa observação foi altamente pessoal e o incômodo também foi pessoal. Mas é por aí mesmo, fiz a viagem solitariamente, sem ninguém disponível pra puxar papo, corroborar ou discordar. Preciso confessar que descobri que uma pessoa permanceu por uns oito minutos no cubículo, mas não sei a que corpo essa alma cagante, simbolizada virtualmente pelo WC OCUPADO, pertence, pois estive sentado numa das primeiras poltronas.

Na chegada, alguém perdeu um papelzinho que credencia você a retirar sua bagagem com o encarregado de pegar as bagagens no assoalho do ônibus. O encarregado, na tentativa de entregar de forma correta a bagagem do senhor que havia perdido o papelzinho, pediu para que fosse descrito o conteúdo da mala, a fim de que depois ele a abrisse e conferisse e fizesse direito o seu trabalho, entregando a César o que é de César... Encabulado, o senhor disse que tinha um pacote de roupa íntima “de muié” em sua mala, que sua dona e ele revendiam quando algum dos dois viajava pro interior. E só revendiam! Que ficasse bem claro!
Polin Maia

3 comentários:

  1. Paulo, o mundo tem que ler seus textos!
    Ri tanto com esse! Muito bom!

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  2. Valeu Ronni. Que nessa sua viagem conheçamos um a realidade do outro por meio dos blogs. Abraço

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Polin Maia