sexta-feira, 30 de março de 2012

Eu tenho pressa e tanta coisa me interessa

Era 1984 e meu pai nem conhecia minha mãe. A campanha pelas Diretas Já juntava todo tipo de gente animada e a juventude fazia toda estrepolia. A vida era anos 80! Foi por aí que o Kid Abelha e os Abóboras Selvagens gravaram a canção "Nada Tanto Assim" que hoje, quase trinta anos mais tarde, parece ter sido escrita pra mim.

Eu tenho apenas 20 anos e me sinto mal ao falar de algo que não presenciei ou acompanhei - os anos 80, que para mim foram anos incríveis e eu, de alguma forma, estive por lá. Uma sensação ultra-nostálgica!

Mas, bem, não falarei dos anos 80. Um dia, quando souber um pouco mais sobre eles, tentarei soltar-lhes as palavras. Aguardem. Meu papel aqui, hoje, é falar de como "eu tenho pressa, tanta coisa me interessa, mas nada tanto assim."

Andei lendo por aí que é próprio de poeta maluco esse tipo de sentimento: o saber raso sobre determinado assunto, a incompletude de informações. E deve ser de poeta mesmo, porque esses são dois sentimentos que ando tendo: sinto que sou um poeta e que sei muito pouco de muita coisa. Algo terrível para a cabeça de alguém que se julga curioso e interessado por natureza!

A Paula Toller, não é segredo, é uma das minhas artistas favoritas. Encantam-me seus trejeitos de moça alegre e de mulher das palavras, e o que ela diz me conforta (por saber que não sou o único a sentir isso) e me desafia ao mesmo tempo: é assim que continuarei a me apoderar do conhecimento? Raso desse jeito?

Quero muito/sonho acordado que a resposta seja não. Para mim é fantástico quando alguém disserta horas e horas sobre algo com propriedade e lucidez. Sinto falta disso em mim e aí vem outra pergunta: isso é algo que está em mim ou que eu adquiri há pouco (ou há muito e só agora percebi)? E mais: é influência dos dias de hoje? Temo que sim.

Do último trecho tiro essa conclusão: Por isso me encantam os anos 80! Lá talvez eu pudesse saber muito de muita coisa, ou talvez de pouca, mas seria feliz com o conhecimento que tivesse. Nos dias que meu calendário expõe na parede as coisas acontecem aos montes ou são noticiadas à exaustão. Sei que essa afirmação é um clichê, mas é a única justificativa social para o mau-conhecimento do poeta. Porque sabem aqueles que comigo compartilham a vivência nobre da poesia que muito do que sentimos não é possível explicar na língua dos homens.

E se minha justificativa social estiver errada, aí a coisa tá feia mesmo: Sinto algo que nem consigo explicar, mas continuo sentindo. E isso é muito humano.

polin maia

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Polin Maia