domingo, 18 de agosto de 2013

O que me falta?

Não me recordo se, nas poucas dezenas de vezes em que escrevi aqui, já comentei da minha admiração pelo Teatro Mágico. Quem convive comigo já deve ter me visto com alguma camiseta de raruxo com algum verso de uma canção da trupe ou já teve de me escutar cantarolando algo entre "só enquanto eu respirar vou me lembrar de você" e "esse mundo não vale o mundo, meu bem"... Acompanho o grupo/banda desde abril de 2009, quando comecei a estudar em Viçosa e fui a um show deles numa das primeiras semanas de aula da universidade. De lá pra cá, o gosto por sua arte se tornou cada vez maior e sempre me pego refletindo sobre a vida a partir das letras das canções e das sensações que elas me causam. Pra escrever o texto de hoje, O Teatro é uma agradável companhia!


Algumas semanas atrás comentei que 2013 ficaria registrado para mim como um grande ano de mudanças. Recentemente concretizei algumas e conquistei outras. E isso me aquietou um pouco, fixou-me no aqui e no agora. Entretanto, a sensação de falta é ainda demasiada.

Sinto-me privilegiado. Nasci em uma família afetuosa, primeiro e último filho de pais cheios de experiência de vida, de corações abertos ao mundo e a seus desafios. Pais que hoje já se aposentaram e vivem atrás das montanhas de Minas, no lugar do meu passado, à beira do riacho, à beira do fogão de lenha. Criaram-me com um amor que só posso desejar ter conseguido capturar deles e poder passar a alguenzinhos. Criaram um filho demasiadamente caótico, perdido, afetuoso, esperançoso, bobo, triste, melancólico, desesperado, tímido e sonhador. Souberam fazer da nossa realidade um campo de aprendizado constante, e me prepararam da melhor forma possível para alçar meus próprios voos. Saudade e mais saudade!

Sinto-me privilegiado. A minha família é ainda muito maior que nós três. Sempre estive cercado de tios e tias, primas e primos, avós e toda sorte de parentescos - gente pronta pra me amar, ajudar, acompanhar e que me dá a cada dia uma dose renovada de esperança e carinho.

Sinto-me privilegiado. Tive a oportunidade de correr atrás do conhecimento e achar muitas portas abertas para a minha formação acadêmica. São muitos os agradecimentos às pessoas que me apoiam nessa frente. E sonho e luto por um mundo de portas abertas a todos.

Sinto-me imensamente feliz com os amigos e amores que encontrei ao longo da vida. Gente que me compreende na minha incrível capacidade de derrapar, contradizer e problematizar, mas que ainda acredita que mereço algum apreço.

Sinto-me feliz com meus mil interesses. E a vontade de aumentá-los.

Entretanto, apesar de tudo, sobra muita falta. Sempre há o incômodo da incompletude, da superficialidade e da descrença com o futuro. Um grande paradoxo: sinto-me ora extremamente esperançoso e sonhador, ora desacreditado e desanimado...

Vivo, assim, com este questionamento: o que me falta? Qual é a materialização da minha falta? Onde encontro respostas? O que mais é preciso, além dos sonhos? Onde está a receita para não ser sempre o boicote de mim mesmo?

Nessa vida de questionamentos, devo estar crescendo e colhendo respostas, sobretudo na ação frente aos problemas. E me parece que essa sensação de falta ainda durará um certo tempo, talvez todo ele. Talvez eu já seja feliz aqui e agora e a sensação de falta seja o preço que pago por ser alguém que quer ir além.

Boa semana!

Polin Maia

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradeço por seu comentário. Volte sempre.
Polin Maia