domingo, 23 de setembro de 2012

(sem assunto)

Hoje é domingo. Como sempre, já não é mais meio-dia e aquela minha promessa de "escrever e publicar todo domingo ao meio-dia" já foi pro saco há muito. Mas não tem problema, talvez o meu domingo ao meio-dia sempre seja domingo à tarde, e eu não tenho nenhum fã louco esperando pontual e ansiosamente por minhas postagens.

Desde que acordei, me vi pensando em um tema para publicar hoje e decidi por isso: sem assunto!

Sabe quando você recebe um e-mail "sem assunto" e reflete sobre a preguiça do seu remetente em colocar o assunto ou pensa que o conteúdo do e-mail não presta? E quando você se esquece de colocar o assunto no seu e-mail e queria muito cancelá-lo e mandar outro com o assunto, desolado? Entende estas situações? E tem aquelas raras vezes em que você sente que é mesmo muito pouco importante colocar o assunto, porque talvez a pessoa apenas pediu que você enviasse um anexo para ela! Mas eu acho o assunto algo essencial.

Mas hoje estou sem assunto. Sem um assunto agradável, sem um assunto audível, legível (e algumas vezes esse adjetivo tem este significado!), interessante, prazeroso, informativo, questionador, poético, humanístico, político ou decente.

Tenho apenas dor de dente. Mais dor nas costas. Tenho um final de semana diferente. Tenho um aperto semanal acumulado no peito. Tenho o frio e o calor oscilantes que tiveram São Paulo nessa última semana. Tenho as palavras que falei, os discursos que fiz e os abraços que dei. Tenho o álcool que eu quis que me fizesse esquecer. Tenho o esquecimento como alternativa pouco atingível. Tenho um passado que relembrei, um futuro que sonhei, um presente com o qual não me alegrei. Tenho pessoas que relembrei, pessoas com as quais sonhei, pessoas com as quais não me alegrei. Tenho atos políticos, atos festivos, atos acadêmicos, mas nada é muito completo e completa um assunto.

Enfim, ao escrever, estou tendo a sensação de que ando tendo muita coisa quando na verdade as minhas necessidades são bem menores. Acabo querendo muito e me sentindo vazio sempre. Acabo invejando e sofrendo. Acabo usando o gerúndio rotineiramente, o que dá a ideia de que as coisas estão indo, de que tudo está caminhando... mas estou eu no particípio, empacado.

Não sei se escolher esse assunto (sem assunto) foi uma boa ideia. Talvez um dia em que eu estiver com mais assunto, eu consiga falar melhor sobre ele. 

Estou animado devido ao caráter paradoxal do que acabei de escrever. Começo a pensar que é digno de publicação, talvez apenas por essa característica.

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Essa semana relembrei de uma frase que eu criei pra mim: "Sou um pequeno poeta palhaço, precisando de mais tempo e menos espaço". Acho ela boa para uma camiseta! Farei-a logo.

Abraços. Uma boa semana!

Polin Maia

Um comentário:

  1. Por que o pequeno poeta palhaço precisa de menos espaço? A frase eh linda, e parece que quanto mais enigmática, melhor...e a falta de assunto gera muito assunto...e ao terminar de ler, lembrei de uma coisa que gosto de acreditar: há muita grandiosidade na aparente insignificância...É, nunca as coisas simples foram tão complexas!!

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Polin Maia